O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta segunda-feira (26). Em declaração à imprensa, Trump afirmou que, sem suas ações enquanto esteve na Casa Branca, a situação da Rússia seria “muito ruim”.

“Vladimir Putin não entende que, se não fosse por mim, muitas coisas ruins teriam acontecido com a Rússia. Ele está brincando com fogo!”, disse Trump, sem fornecer detalhes sobre a declaração.

Na mesma data, Trump havia chamado o presidente russo de “enlouquecido”, em referência aos bombardeios russos lançados na noite de 25 de maio contra diversas cidades ucranianas, considerados um dos maiores desde o início da guerra.

A reação de Moscou às críticas foi contida. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, minimizou os comentários de Trump e agradeceu aos EUA, em especial ao ex-presidente, pelo apoio à retomada das negociações de paz. “O início do processo de negociação, para o qual o lado americano tem se esforçado muito, é uma conquista muito importante”, afirmou Peskov. Ele sugeriu que os comentários ríspidos poderiam estar relacionados a uma “sobrecarga emocional”.

Já o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, atribuiu o tom duro de Trump aos aliados europeus da Ucrânia, que estariam “sabotando os processos de paz”. Lavrov alegou que líderes europeus estariam incentivando ações “imprudentes” da Ucrânia, como os ataques de drones recentes contra Moscou. “O presidente Trump é um homem que quer resultados. E quando vê seus esforços minados, pode demonstrar emoções”, afirmou.

Troca de propostas para cessar-fogo

No mesmo dia, a Ucrânia apresentou aos Estados Unidos uma proposta para iniciar um cessar-fogo incondicional com a Rússia. Segundo o vice-chefe do gabinete da presidência ucraniana, Igor Brusilo, a medida seria um passo necessário para viabilizar futuras negociações.

“Este cessar-fogo deve ser incondicional, pois proporcionará uma oportunidade para sentar à mesa de negociações. Todas as demais etapas serão determinadas durante essas conversas”, afirmou Brusilo.

O governo ucraniano reiterou que considera inaceitável qualquer reconhecimento legal da anexação da Crimeia e das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson pela Rússia — territórios tomados por Moscou em 2022.

Do lado russo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, informou que Moscou também está preparando um rascunho de memorando para um eventual tratado de paz, que será entregue a Kiev assim que estiver finalizado. Ela afirmou que espera reciprocidade por parte da Ucrânia.

Zakharova, no entanto, criticou os recentes ataques ucranianos com drones, acusando Kiev de tentar negociar “a partir de uma posição de força”, o que, segundo ela, apenas “demonstra sua insignificância”.

As propostas surgem após a retomada das negociações entre os dois países, realizada em Istambul no dia 16 de maio. De acordo com autoridades russas, o compromisso entre as partes inclui a formulação de propostas detalhadas para encerrar o conflito, que completa mais de dois anos.

“Literalmente, a cada dia, essa agenda avança. Os acordos em Istambul não foram fáceis de alcançar devido à postura do regime de Kiev, mas ainda assim representam um avanço importante”, afirmou Zakharova.