Após envio do pedido de extradição pela Justiça brasileira, autoridades italianas já reconhecem a possibilidade de prisão da deputada licenciada. STF determinou sua detenção após condenação por invasão aos sistemas do CNJ.

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), poderá ser presa a qualquer momento na Itália, país onde se encontra desde que deixou o Brasil. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (13) pelo embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, após o governo italiano reconhecer oficialmente o pedido de extradição enviado pelo STF.

"Há uma mobilização para deter a deputada, porque ela está na lista vermelha de difusão da Interpol. As autoridades judiciais italianas acataram o pedido e, hoje, ela poderá ser presa a qualquer momento", afirmou o diplomata, em entrevista à imprensa.

Apesar da possibilidade de detenção iminente, Mosca explicou que, conforme as leis italianas, Zambelli não pode ser presa em locais considerados invioláveis, como residências particulares e hotéis. No entanto, se for localizada em espaços públicos ou em locais permitidos pela legislação, a prisão pode ser executada imediatamente.

“Existe um mandado de prisão provisória para fins de extradição, que foi expedido a partir do alerta da Interpol solicitado pelo governo brasileiro. Esse mandado já foi referendado pelas autoridades judiciais italianas”, completou o embaixador.

Condenação e fuga para o exterior

Zambelli foi condenada pelo STF a uma pena de 10 anos de prisão, além da perda do mandato parlamentar, por envolvimento na invasão e manipulação de dados nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Após a decisão, a deputada deixou o Brasil. Inicialmente, viajou aos Estados Unidos e, em seguida, seguiu para a Itália — país no qual possui cidadania.

O pedido formal de extradição foi encaminhado pelo STF ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que, por sua vez, enviou o documento ao Ministério das Relações Exteriores. A solicitação foi então repassada à Embaixada do Brasil em Roma, que confirmou o recebimento e a aceitação do pedido pelas autoridades italianas.

A situação tem repercussão política na Itália. O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, voltou a pressionar o governo local pela extradição de Zambelli, reiterando sua posição contrária à permanência da deputada no país europeu.

Medidas no Brasil

Enquanto aguarda a evolução do processo de extradição, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou o bloqueio dos salários e benefícios da parlamentar licenciada, atendendo a um pedido do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Foi o próprio Moraes quem determinou a prisão preventiva de Zambelli após sua saída do Brasil, medida que fundamentou o alerta vermelho da Interpol e o pedido de extradição.

Com o cerco se fechando no exterior e os desdobramentos políticos e jurídicos avançando tanto no Brasil quanto na Itália, a situação de Carla Zambelli segue delicada e sob forte vigilância das autoridades internacionais.