Mais de 30 mortos em ataque próximo a distribuição de ajuda em Gaza
- Categoria: INTERNACIONAL
- Publicação: 02/06/2025 08:36

Um ataque nas imediações de um ponto de distribuição de ajuda humanitária em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, deixou ao menos 31 palestinos mortos e outros 175 feridos neste domingo (1º). A área atingida fica próxima a uma instalação apoiada pelos Estados Unidos, parte da operação da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que atua com aval de Israel. O incidente ocorre em um momento de agravamento da crise humanitária no território.
Veículos de imprensa ligados ao Hamas atribuem o ataque a forças israelenses. Segundo testemunhas ouvidas pela agência Associated Press (AP), soldados de Israel teriam aberto fogo contra centenas de civis que buscavam alimentos. Um jornalista da AP relatou ter presenciado dezenas de feridos sendo socorridos em um hospital local. A Cruz Vermelha confirmou o número de vítimas, enquanto o Exército de Israel afirmou que “não tem conhecimento” de envolvimento de suas tropas no episódio. O caso segue em investigação.
A estrutura atingida faz parte da operação da GHF, alvo de críticas por parte de agências da ONU. As Nações Unidas alertam que a iniciativa funciona fora dos protocolos internacionais, sem garantias de segurança ou equidade na distribuição dos insumos. Em 27 de maio, ao menos três palestinos morreram e 46 ficaram feridos durante outro tumulto envolvendo a distribuição de ajuda pela fundação.
A tragédia deste domingo aprofunda ainda mais o cenário de emergência humanitária na Faixa de Gaza. Segundo a ONU, a região enfrenta uma das piores crises alimentares do século, com milhares de civis em situação de fome extrema, agravada pelo bloqueio israelense que durou quase três meses. Apesar das alegações do governo israelense de que centenas de caminhões com suprimentos entraram no território desde maio, especialistas denunciam falhas logísticas e desigualdade no acesso aos alimentos.
Impasse diplomático e acusações de "chantagem humanitária"
No campo diplomático, o Hamas apresentou no sábado (29) uma nova proposta de cessar-fogo, mediada pelos Estados Unidos. O grupo sinalizou disposição para uma trégua inicial de 60 dias, com a libertação de 10 reféns vivos e a entrega dos corpos de outros 18 a Israel, em troca da soltura de prisioneiros palestinos, retirada militar de Gaza e entrada contínua de ajuda humanitária.
As exigências foram consideradas “inaceitáveis” tanto pelo governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, quanto pela Casa Branca. Israel mantém sua posição de condicionar qualquer cessar-fogo à libertação total dos reféns e à destruição militar do Hamas, mesmo diante do colapso humanitário em curso.
Desde o início da ofensiva israelense, em 7 de outubro de 2023 — após ataque do Hamas que deixou cerca de 1.200 israelenses mortos —, mais de 36 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. A maioria das vítimas são mulheres e crianças. Organizações de direitos humanos acusam Israel de praticar punição coletiva contra a população civil do enclave.
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